sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 55

Nem o mármore nem os monumentos luxuosos
Dos príncipes viverão mais que este poderoso verso,
Mas brilharás ainda mais neste poema
Do que a intocada gema envolta pela névoa do tempo.
Quando a guerra inútil destruir todas as estátuas,
E as disputas surgirem no trabalho diligente,
Nem deixarão de Marte a espada, nem do embate arder
O fogo fátuo o límpido registro de tua memória.
Avançarás contra a morte e toda a hostilidade obliterada;
Teu ânimo ainda encontrará lugar
Mesmo aos olhos da posteridade,
Que carrega este mundo ao seu cataclismo.
Então, até o julgamento que tu mesmo fazes,
Aqui vives e permaneces nos olhos de teus amores.

SONETO 56

Doce amor, sê forte; não digas que
Teu ardil seja mais bruto que teu apetite,
Que somente hoje alias e alimentas,
Depois aguçado em seu antigo poder:
Então, amor, sê tu mesma; embora hoje preenchas
A fome de teus olhos, mesmo plenos,
Amanhã novamente vejam, e não matem
O espírito do amor com perpétuo tédio.
Deixa este triste ínterim ser como o oceano
Que divide a praia, onde dois novos seres
Diariamente vêm até as margens, e, ao assistirem
Retornar o amor, mais abençoada se torna esta visão;
Ou mesmo o inverno, que, cheio de cuidado,
Faz o estio ser três vezes mais raro e ansiado.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido por um administrador do blog.

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  2. Obrigada pela sua observação. Farei a correção na 2a. edição da minha tradução. Abraços.

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