sábado, 18 de julho de 2009

SONETO 37

Como um pai decrépito se regozija
De ver o filho fulgir na juventude,
Então, eu, aleijado por despeito da Fortuna,
Encontro meu consolo em tua honra e verdade.
Pois a beleza, o berço, a riqueza, a sagacidade,
Ou quaisquer dessas qualidades, ou todas, ou outras,
Permanecem assentadas em si mesmas,
Ofereço meu amor em seu nome.
Então, não sou aleijado, pobre, nem desprezado,
Enquanto esta sombra se lança sobre ele,
Que eu, em tua abundância, me satisfaço,
E em uma parte do todo vive a tua glória.
Vê o melhor, o melhor que desejo em ti;
Este é meu desejo; então sou dez vezes mais feliz.

SONETO 38

Como pode minha Musa inventar seus motivos,
Enquanto vives a derramar em meu verso
Teu doce argumento, sublime demais
Para ser traçado sobre um papel comum?
Ah, agradeça a ti mesma, se em mim
Persiste o alento que se sustenta à tua frente;
Somente o estúpido não poderia te escrever,
Quando tu mesma dás luz à invenção?
Sê a décima musa, dez vezes mais valiosa
Do que as outras nove antigas que os poetas invocam;
E aquele que te chamar, faze com que traga
Eternos versos que vivam por um longo tempo.
Se à minha leve Musa agradar esses curiosos dias,
Minha será a dor, mas tua será a rima.

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