sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 49

Contra o tempo (se este tempo vier)
Quando rejeitares os meus defeitos,
Quando o teu amor fizer o seu maior lance,
Chamada a explicar-se por teu respeito;
Contra o tempo quando passares como estranha,
E mal me cumprimentares com o teu olhar em fogo,
Quando o amor transformado daquilo que era
Encontrar motivos de reconhecida gravidade;
Contra esse tempo, eu me protejo
Conhecendo os meus próprios desígnios,
E, assim, contra mim ergo a minha mão,
Para resguardar as tuas razões de direito.
Para me deixares, pobre de mim, empregas a força da lei,
Pois, a razão do amor, não posso alegar os meus motivos.

SONETO 50

Com que pesar enfrento a jornada,
Quando o que procuro (o triste fim do meu caminho)
Mostra-me, docilmente, a resposta que devo dar:
“Assim as milhas são marcadas para longe de teu amigo”.
O animal que me carrega, cansado do meu pranto,
Cavalga firme, suportando o peso que levo comigo,
Como se, por instinto, o animal soubesse
Que o cavaleiro de ti não quisesse se afastar.
As esporas sangrentas não o atiçam
Que, por vezes, o ódio toca-lhe por dentro,
E, prontamente, responde com um grunhido
Mais agudo para mim do que ao esporeá-lo;
Pois o mesmo grunhido põe isto em minha mente:
Minha tristeza jaz à frente e, minha alegria, atrás.

Nenhum comentário:

Postar um comentário