quinta-feira, 16 de julho de 2009

SONETO 107

Não os meus medos, nem a alma profética
Do imenso mundo que sonha com o futuro
Pode controlar o meu verdadeiro amor,
Suposto e destinado à desgraça certa.
A lua mortal tem seu eclipse prolongado,
E os tristes augúrios desdenham seus presságios;
Incertezas hoje coroam-se seguras,
E a paz proclama os frutos de uma eternidade.
Agora com as gotas desse momento tão balsâmico,
Meu amor parece jovem, e a Morte a mim se subjuga,
Como, apesar dela, eu viverei nesta pobre rima,
Enquanto ela insulta suas turbas tolas e emudecidas;
E tu, nisto, encontrarás teu monumento,
Quando ruírem os túmulos de bronze dos tiranos.

SONETO 108

O que há na mente que a pena possa descrever
Que ainda não revelou a ti o meu verdadeiro espírito?
O que há de novo a ser dito, o que há agora a registrar,
Que possa expressar o meu amor ou os teus belos méritos?
Nada, meu caro rapaz; porém, como as preces divinas,
Devo, a cada dia, repetir as mesmas palavras,
Sem contar o que passou, tu comigo, eu contigo,
Mesmo quando primeiro pronunciei o teu nome.
Então, o eterno amor dentro do terno peito
Não pesa nem o pó, nem a injúria do tempo,
Nem dá lugar às rugas necessárias,
Mas faz da antiguidade a sua condutora,
Encontrando a primeira vaidade do amor ali nascido,
Onde o tempo e as belas formas o mostrassem morto.

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