segunda-feira, 13 de julho de 2009

SONETO 141

Por crer, não te amo com meus olhos,
Pois eles em ti veem mil defeitos;
Mas é meu coração que ama aquilo que desprezam,
Que, apesar de ver, se comprazem com o que sentem.
Nem se alegram meus ouvidos ao som de tua língua;
Nem sentimentos doces nascem de teu toque,
Nem sabor ou perfume são bem-vindos
A qualquer festim sensual a que me convides:
Mas meus cinco sentidos não podem
Dissuadir um coração tolo de servir-te
Que deixas imperturbado como um homem,
Escravo e vassalo de teu coração altivo:
Somente em desgraças conto os meus ganhos,
Pois aquela que me faz pecar, também me faz sofrer.

SONETO 142

O amor é meu pecado, e o ódio, tua doce virtude,
Ódio por meu pecado, de um amor pecaminoso:
Ah, se comparares o teu estado ao meu,
E não achares seus méritos reprováveis;
Ou, se forem, não por teus lábios,
Que profanaram seus rubros ornamentos,
E selaram falsas juras de amor tanto quanto eu;
Roubando outros leitos de seu uso.
Seja dito que te amo, como amas aqueles
Que atraem teus olhos como os meus te importunam:
Planta, em teu coração, a piedade que, quando crescer,
Mereça a tua compaixão ser compadecida.
Se procuras ter aquilo que ocultas,
Pelo teu exemplo te seja negado!

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