SONETO 75
És, para mim, como o alimento para a vida,
Ou a chuva amena para o solo no tórrido verão;
E, para teu bem-estar, me esforço
Entre a miséria e a riqueza:
Orgulhoso com o desfrute, e logo
Duvidando que a idade roube seu tesouro;
Agora espero estar apenas contigo,
Então, melhor para que o mundo me veja bem;
Por vezes, comemorando à nossa vista,
E aos poucos ansiando por um olhar;
Possuindo ou perseguindo qualquer prazer,
Exceto aquilo que se tem ou seja tirado de ti.
Assim, jejuo e sobrevivo a cada dia,
Ou a tudo devoro, o tempo todo.
SONETO 76
Por que meu verso está tão minguado,
Sem variação ou rápidas mudanças?
Por que com o tempo não olho para o lado
Buscando novos métodos e estranhos modos?
Por que escrevo da mesma forma, a mesma coisa,
E deixo à parte a invenção,
Que cada palavra se torne minha conhecida,
Mostrando-me de onde vem?
Ó, saiba, amor, que é para ti que escrevo,
E tu e o amor sois ainda meus assuntos;
Então, o melhor que faço é reescrever as velhas palavras,
Aplicando novamente o que já foi usado;
Como o sol que, a cada dia, é sempre velho e novo,
Assim é o meu amor, dizendo tudo que se diz.
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