sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 75


És, para mim, como o alimento para a vida,

Ou a chuva amena para o solo no tórrido verão;

E, para teu bem-estar, me esforço

Entre a miséria e a riqueza:

Orgulhoso com o desfrute, e logo

Duvidando que a idade roube seu tesouro;

Agora espero estar apenas contigo,

Então, melhor para que o mundo me veja bem;

Por vezes, comemorando à nossa vista,

E aos poucos ansiando por um olhar;

Possuindo ou perseguindo qualquer prazer,

Exceto aquilo que se tem ou seja tirado de ti.

Assim, jejuo e sobrevivo a cada dia,

Ou a tudo devoro, o tempo todo.


SONETO 76


Por que meu verso está tão minguado,

Sem variação ou rápidas mudanças?

Por que com o tempo não olho para o lado

Buscando novos métodos e estranhos modos?

Por que escrevo da mesma forma, a mesma coisa,

E deixo à parte a invenção,

Que cada palavra se torne minha conhecida,

Mostrando-me de onde vem?

Ó, saiba, amor, que é para ti que escrevo,

E tu e o amor sois ainda meus assuntos;

Então, o melhor que faço é reescrever as velhas palavras,

Aplicando novamente o que já foi usado;

Como o sol que, a cada dia, é sempre velho e novo,

Assim é o meu amor, dizendo tudo que se diz.

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