quinta-feira, 16 de julho de 2009

SONETO 89

Dize-me que me abandonas por um erro meu,
E te explicarei a razão de minha ofensa;
Dize-me que fui fraco, e eu aquiescerei,
Sem opor defesa alguma aos teus motivos.
Não podes, amor, desgraçar-me assim,
Determinando a forma ante teu desejo,
Como será minha desgraça saber a tua vontade.
Reconhecerei a falta, e parecerei estranho,
Ausentar-me-ei de teu lado e, em minha língua,
Não mais viverá teu doce e amado nome,
A menos que eu erre, por ser demais profano,
E, alegre, revele a nossa velha amizade.
Por ti, contra mim mesmo, jurarei lutar,
Pois a quem odeias, jamais poderei amar.

SONETO 90

Odeia-me, se quiseres; se for agora,
Enquanto o mundo censura meus atos,
Une-te ao escárnio da fortuna, faze-me vergar,
E não mais tornes a me pisotear.
Ah, quando meu coração se afastar desta tristeza,
Não retomes um cansado lamento;
Que a manhã chuvosa não suceda a noite de vento,
Para perpetuar esta proposital derrota.
Se me deixares, não me abandones ao final,
Após outras mágoas terem causado o seu dano,
Mas, no princípio, para experimentar
Antes o pior da força do destino;
E as outras dores, que hoje assim parecem,
Comparadas a te perder, nada mais serão.

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