quinta-feira, 16 de julho de 2009

SONETO 85

Minha silente Musa mantém seu silêncio,
Enquanto os elogios a ti são ricamente reunidos,
Louvando teu caráter com dourada pena
E belas frases exclamadas por todas as Musas;
Eu bem penso, enquanto outros escrevem bem,
E, como o iletrado, digo, “Amém”
Aos hinos que o ilustre espírito louva
Tão polido quanto a refinada pluma.
Ao ouvir loas a ti, digo, “Sim, é verdade”,
E à maioria, acrescento algo além,
Mais isto eu penso, cujo amor por ti
(Embora as palavras logo venham), firma o seu lugar.
Então, outros, por respeitar o que é dito,
Eu, por ser tolo, o que penso, digo.

SONETO 86

Foi a vela enfunada de seu grande verso,
Destinado a receber o prêmio de tua preciosidade,
Que meus pensamentos maduros conjuraram,
Matando-os no ventre onde cresceram?
Foi seu espírito, ensinado pelos ares a escrever
Acima de ditames mortais o que me aniquilou?
Não, nem ele, nem seus noturnos confrades
Ao ajudá-lo atormentaram o meu poema.
Nem ele, nem aquele amável fantasma familiar,
Que noturnamente instiga-lhe a inteligência,
Vitoriosos, não podem gabar-se de meu silêncio;
Não adoeci por medo de nada disso.
Mas quando te ergueste para dizer seu verso,
Então perdi o senso – o pouco que eu já tinha.

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