quinta-feira, 16 de julho de 2009

SONETO 81

Ou viverei para escrever o teu epitáfio,
Ou sobreviverás quando na terra eu já tiver apodrecido;
Daqui a morte não poderá arrancar a tua memória,
Embora de mim cada parte seja esquecida.
Teu nome aqui .cará imortalizado,
Embora eu, depois de partir, morra para o mundo;
A terra me reservará uma cova rasa,
Enquanto jazerás sepulta perante todos.
Meu verso frágil erigirá a ti um monumento,
Que olhos divisarão no futuro,
E línguas futuras mencionarão o teu ser,
Quando todos deste mundo já tiverem ido.
Ainda viverás (eis a virtude de minha pena)
No hálito da boca de outros homens.

SONETO 82

Não quero que desposes a minha Musa,
E, assim, deixes de ler
As palavras dedicadas que os escritores usam
Sobre seus belos objetos, abençoando seus livros.
Tu és tão bela em saber quanto em cor,
Colocando o teu valor além do meu louvor;
E assim te vês forçada a buscar de novo
Um olhar mais fresco que já passou.
Faze isso, amor; embora quando vejam
Que toques duros empresta a retórica,
Tu, minha bela, terias simpatizado
Com palavras simples por teu verdadeiro amigo;
E suas cores grosseiras deveriam ser mais bem usadas
Para enrubescer as faces, daquilo que sobra em ti.

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