segunda-feira, 13 de julho de 2009

SONETO 143

Vê, como a dona de casa que cuidadosa corre
Para agarrar uma ave que lhe escapou,
Põe de lado o seu rebento, e cuida rápido
De pegar aquilo que ela quer reter;
Enquanto seu filho preterido a mantém atenta,
Ele chora para atraí-la, chamando a si o seu cuidado
Para que busque o que lhe fugiu das mãos,
Deixando de lado a infelicidade de seu pobre .lho;
Então, persegue o que foge de ti,
Enquanto eu, teu bebê, sigo-te logo atrás;
Mas, se ainda tens esperança, volta-te para mim
E faze o papel de mãe – beija-me e sê gentil.
Então, rezarei para que tenhas teu Will,
Se te voltares e ouvires o meu pranto.

SONETO 144

Tenho dois amores que me consolam e desesperam,
Que, como dois espíritos, me inflamam;
O anjo bom é um homem belo e justo,
O mau, uma mulher malintencionada.
Para arrastar-me ao inferno, meu lado feminino
Tenta meu anjo bom e companheiro,
Querendo de santo transformá-lo em demo,
Seduzindo sua pureza com a soberba.
E se meu anjo se tornar vil,
Suspeito, embora não consinta em dizê-lo;
Mas, sendo ambos meus, ambos meus amigos,
Creio que um anjo seja o inferno do outro.
Mesmo que eu nunca saiba e viva em dúvida,
Até que meu anjo mau se livre do meu anjo bom.

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