quinta-feira, 16 de julho de 2009

SONETO 123

Não! Tempo, não te regozijarás porque envelheço:
Tuas pirâmides erguidas com nova força
A mim não assustam, nem surpreendem;
São apenas visões de velhos lugares.
Nossos dias são breves e, portanto, admiramos
O que tu nos impõe que envelheceu;
E preferimos tê-los conforme nosso desejo,
A conhecê-los somente por suas lendas.
Desafio tanto as histórias quanto a ti,
Sem me importar com o passado ou o presente;
Pois teus livros e o que vemos ambos mentem,
Feitos, mal e mal, em tua contínua pressa:
Isto eu juro, e assim será sempre,
Serei verdadeiro, apesar de ti e tua longa foice.

SONETO 124

Se meu caro amor fosse um .lho natural,
Poderia, bastardo da Fortuna, não ter um pai,
Sujeito ao amor ou o ódio do Tempo,
Arrebanhado entre as flores ou ervas.
Não, ele foi concebido longe do acaso;
Não sofre com as alegres pompas, nem cai
Sob o golpe de servos descontentes,
Em que o tempo certo clama para si.
Não teme a política, esse herético,
Que trabalha à custa de meios expedientes,
Mas por si só permanece altamente político,
Sem crescer no calor, nem minguar com a chuva.
A isso, como testemunha, clamo os tolos do Tempo,
Que morrem pela bondade, quando vivem pelo crime.

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