sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 69

Estas partes que os olhos do mundo vislumbram
Nada querem que a vontade dos corações cure;
Todas as línguas (a voz das almas) te dão o que é teu,
Murmurando a verdade, mesmo dita por inimigos.
Teu semblante com elogios aparentes é coroado,
Mas essas mesmas línguas que te reconhecem
Em outros tons confundem os elogios,
Vendo mais do que os olhos veem.
Eles divisam a beleza de tua mente,
E adivinham a tua dimensão pelos teus atos;
Então, distorcem os seus pensamentos, embora vejam bem,
Emprestando às tuas belas flores um mau odor.
Mas como teu perfume não se iguala ao que mostras,
Este é o chão onde deves crescer como um ser comum.

SONETO 70

Que tuas culpas não sejam teus defeitos,
Pois a marca da calúnia nunca é bela;
O adorno da beleza torna-se suspeito,
Um corvo a voar na brisa mais amena.
Se agires bem, a injúria nada faz senão
Engrandecer o teu valor com o tempo;
Os vermes refestelam-se nos doces botões,
E tua beleza se mostra imaculada.
Superaste a armadilha da juventude,
Sem assaltos, nem vitórias;
Embora o elogio não possa ser ofertado
Para impedir uma inveja ainda maior.
Se as suspeitas de erros não te mascararem,
Vencerás sozinha todos os corações.

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