sexta-feira, 17 de julho de 2009

SONETO 41

Os benditos erros que a liberdade comete
Quando por vezes me ausento de teu coração,
Tua beleza e idade bem te assentam,
Pois ainda a tentação te segue por toda parte.
Tu és gentil e, portanto, deves ser conquistado;
Tu és belo, portanto, deves ser assediado.
E quando uma mulher seduz, que filho,
Amargurado, irá deixá-la, até que tenha vencido?
Ai de mim, porém, ainda poderás me suportar,
E repelir tua beleza e evanescente juventude,
Que te conduziu ao seu desespero mesmo ali,
Onde foste forçado a quebrar uma dupla verdade:
A dela, por tua beleza, atraindo-a para ti,
A tua, por ser tua beleza falsa para mim.

SONETO 42

Por que a tens, não é este todo o meu pesar,
Mesmo que eu possa dizer quanto a amei;
Por ela ter a ti, este é todo o meu lamento,
Um amor ainda mais perdido para mim.
Amantes impuros, eu vos perdoo: –
Tu a amas, mesmo sabendo que eu a amo;
E mesmo que ela continue a abusar de mim,
Fazendo meu amigo sofrer por ela e por mim.
Se eu te perder, para o meu amor será um ganho,
E, ao perdê-la, meu amigo já não poderá tê-la;
Ao se unirem, perco os dois,
E ambos me farão arrastar esta cruz:
Mas, eis a alegria: meu amigo e eu somos um;
Doce engano! Então ela ama só a mim.

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