segunda-feira, 13 de julho de 2009

SONETO 153

Cupido adormeceu ao lado de sua flecha.
Uma das ninfas de Diana aproveitou o seu descuido,
E rapidamente mergulhou a sua flama amorosa
Numa fonte fria do vale que encontrou pelo caminho,
E logo tirou do sagrado fogo do Amor
Um calor vivo, eterno, permanente,
Criando um banho balsâmico, onde
Há cura para tantas estranhas doenças.
Mas aos olhos da amada acendeu-se a flecha do Amor,
Com que o menino ingênuo tocou o meu coração;
Eu, desvalido, quis me curar em suas águas,
E corri apressado, como um hóspede triste e destemperado,
Mas não me curei; o banho para minha cura está
Onde Cupido acendeu sua chama: nos olhos do meu amor.

SONETO 154

O pequeno deus do amor certa vez dormia
Deixando ao lado sua flecha amorosa,
Enquanto várias ninfas, jurando-se sempre castas,
Vieram, pé ante pé, mas, em sua mão virginal,
A mais bela tomou o fogo
Que incendiara legiões de corações verdadeiros;
Assim, a lança do desejo ardente
Dormia desarmada ao lado da mão desta jovem.
A flecha, ela mergulhou em um poço de água fria,
Que se acendeu com o eterno fogo do Amor,
Criando um banho e um bálsamo
Para os enfermos; mas eu, jugo de minha senhora,
Vim para me curar, e isto, assim, eu provo,
O fogo do amor aquece a água, mas a água não esfria o amor.

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